“Non-Fungible Tokens” ou NFTs, são como um tipo de assinatura ou certificado digital, via blockchain, que transforma qualquer tipo de mídia digital em um bem não-fungível, ou seja, exclusivo. O NFT atrelado a um “bem” digital comum, com bilhões de cópias na Internet, serve para criar uma escassez em torno desse item, já que no meio desse bilhão de cópias, apenas uma tem esse atestado de “originalidade”.
Para compreender o que são NFTs é necessário entender a diferença entre um bem fungível e não fungível. Bens “fungíveis” são aqueles que podem ser substituídos ou trocados, mas que no fim terão o mesmo valor, por exemplo, se você tem 1g de ouro você pode trocar por 1g de ouro, sem perda de valor. Já os bens “não fungíveis” são aqueles que tem valores subjetivos, um ativo que não pode ser substituído, já que são exclusivos. Um ótimo exemplo são obras de arte, se você tem um quadro famoso e o troca por outro, o resultado da operação não é mais de equivalência como no caso da troca da moeda.
Portanto, resumidamente, NFTs são ativos digitais de propriedade intelectual publicamente verificável e autenticada em um blockchain, que transformam as mídias digitais únicas em originais perante cópias comuns.
Alguns exemplos de onde os NFTs já podem ser implementados são: obras de Arte Digitais, mídias digitais como GIFs, memes, JPEG, mensagens, vídeos, gaming, objetos colecionáveis, etc.
A explosão do mercado
O mercado de NFTs existe há um certo tempo, mas começou a movimentar valores consideráveis e chamar a atenção das pessoas apenas nos últimos meses. O gráfico abaixo mostra o número de vezes que o termo foi buscado Google em todo o mundo nos últimos cinco anos. É possível ver que a linha dispara apenas em 2021.
Os valores movimentados também ajudam a mostrar o avanço deste novo ativo digital. O OpenSea, marketplace de NFTs, vendeu US$ 1,5 milhões durante todo o ano de 2020. Em janeiro de 2021 o montante passou para US$ 8 milhões, alcançando US$ 86,3 milhões em fevereiro. O mês de março chegou para bater todos os recordes, com a obra mais cara sendo vendida por US$ 69 milhões.
Esta tendência pode ser explicada pelo desenvolvimento de atividades virtuais, que ganharam espaço durante a pandemia. As pessoas permanecem ainda mais tempo conectadas e estão dando mais valor aos produtos e serviços consumidos na internet. Outro fato que vai no mesmo sentido é a valorização das moedas digitais, como Bitcoin e Ethereum, que possuem a mesma tecnologia de NFTs.
No esporte, o destaque fica para o NBA Top Shot, que movimentou mais de US$ 230 milhões em um fim de semana em negociação de NFTs, com cards que podem ser estáticos – uma figura/arte de um jogador/evento/situação feito por vários artistas – ou vídeos especiais com as melhores jogadas de determinado jogador, por exemplo.
Como mostramos nos parágrafos anteriores, este mercado adquiriu um tamanho relevante, o que ainda gera dúvidas em muitas pessoas. Por que pagar tanto para um ativo digital?
O ponto principal aqui é que os NFTs possuem um valor extrínseco, ou seja, determinado por que está de fora, pelo mercado. Quem decide se uma arte ou um clipe terá valor não é quem produziu, mas sim quem tiver interesse em adquirir. Além disso, a escassez colabora com isso, pois aquele que comprar qualquer ativo poderá provar, através da tecnologia de blockchain, que é o único dono da NFT.
Relacionando tudo isso com a indústria esportiva, podemos lembrar do mercado de uniformes de futebol, sobretudo de camisas antigas, que vem ganhando cada vez mais espaço e valor. Existem ainda diversas outras opções para colecionadores, desde itens que fizeram parte da história de um clube ou atleta, até os álbuns de figurinha. A vantagem dos ativos digitais na comparação com estes é que os NFTs não se depreciam, mantendo sua qualidade e valor por muito mais tempo.
O potencial futuro
O futuro é muito promissor para NFTs, e será uma das funcionalidades promissoras para uso de Blockchain, principalmente no mercado esportivo. Todo o fanatismo envolvido no futebol, basquete, vôlei e demais modalidades é motivo para adquirir inclusive camisas, chuteiras e outros itens históricos que, por serem digitais, nunca serão usados. Apensa o fato de ser algo único faz com que o fã valorize tal produto.
Os esports são outra área que pode se destacar quando o assunto for NFTs. Em um jogo eletrônico, que já nasceu no mercado digital, a possibilidade de o usuário ter uma skin, uma arma ou um carro exclusivo pode culminar na criação de um mercado único dentro daquele universo, mobilizando altas quantias.
Ao mesmo tempo que existem pessoas empolgadas com o novo ativo, tem quem acredite se tratar de uma bolha, criada principalmente pela procura de possíveis fontes de lucro em uma economia mundial desequilibrada. Nos resta acompanhar o desenvolvimento deste mercado, sempre atentos às possibilidades que um NFT pode trazer para a indústria esportiva e nas novas maneiras de interagir com os torcedores.