O Google lançou recentemente o relatório Google Sports Study, em que destrincha a relação entre o brasileiro e os esportes durante o ano de 2020. O estudo foi construído a partir de dados do próprio mecanismo de busca da plataforma e do YouTube, das pesquisas Sports Track e Google Consumer Survey, e Tendências de comportamento e varejo, via WGSN & Stylus.
O primeiro grande insight do report fala sobre o crescimento de novas modalidades esportivas e as diversas oportunidades que acompanham esta tendência.
Tratando dos esportes de maneira geral, é possível dizer que o brasileiro está mais plural. O futebol ainda é destaque, tanto como esporte preferido, quanto como um dos esportes mais praticados. No entanto, voleibol, basquete e natação cresceram no número de fãs ao longo do último ano. Vale destacar que esportes não tradicionais, como o futebol americano, também vêm evoluindo ao longo dos anos, se tornando um produto relevante para o brasileiro. No caso da prática, atividades como a caminhada, corrida e musculação dividem a atenção com o principal esporte do país.
Dando mais atenção ao mecanismo de busca do Google, o report mostra que o basquete teve muito destaque em 2020. Foram 200 milhões de buscas na plataforma, contra 100 milhões de corrida e 50 milhões de vôlei. Considerando temas específicos como NBA, Lakers, time campeão da liga, e LeBron James, atleta destaque, o crescimento na média de buscas por mês chegou a ser de 350%, na comparação com o ano anterior.
Muito deste sucesso deve-se a criação da bolha da NBA. Criada em julho de 2020 para que a temporada pudesse ser concluída de forma segura, a iniciativa reuniu as equipes em uma estrutura em Orlando, no complexo ESPN Wide World of Sports. Além dos jogos em si, a NBA apostou fortemente na criação de conteúdo no período, principalmente nas mídias sociais. O perfil da liga no Instagram voltado para o Brasil, superou a marca de 1 milhão de seguidores, com um crescimento significativo também no TikTok.
Voltando aos esportes individuais, a pandemia trouxe novas práticas aos brasileiros: 39% das pessoas consultadas na pesquisa iniciou um novo esporte que não praticava em anos anteriores. Com as medidas de distanciamento dificultando a prática de esportes coletivos, modalidades como caminhada, corrida e ciclismo mostraram avanço no último ano.
O ciclismo foi inclusive o grande destaque quando relacionamos os hábitos diários com o comportamento de consumo dos indivíduos. O termo cresceu 70% em buscas na barra do Google, considerando o período entre janeiro e novembro dos últimos quatro anos. Quando a pesquisa é direcionada para a área de shopping, foi a modalidade esportiva de maior destaque, com um avanço de 439% no número de clicks. Outros dois esportes que evoluíram no período foram squash e yoga/pilates, com crescimento de 244% e 194%, respectivamente.
Esses novos hábitos trouxeram algumas oportunidades, principalmente em relação ao comércio de produtos. O segmento esportivo foi o primeiro em vendas online direct to consumer, ou seja, com as vendas sendo realizadas a partir de canais das próprias marcas. A criação de tais canais diretos com o consumidor pode ser uma lição para todas as áreas, pois favorece ainda o acesso aos dados do consumidor, para que, na sequência, sejam construídas estratégias com base em suas preferências.
Dentro do comércio de produtos, a tendência que mais cresce é a transformação do esporte em lifestyle para muitos brasileiros. Se antes algumas roupas eram usadas apenas para realização de atividades físicas, o estilo passou a fazer parte da rotina de muitos. De acordo com a pesquisa, um em cada quatro brasileiros usam produtos esportivos diariamente, não apenas no treino. Esse comportamento avançou para a indústria da moda, com a criação do athleisure, estilo que leva o conforto dos materiais esportivos para o dia a dia dos consumidores.
A primeira seção do report deve servir para expandir o pensamento de todos os envolvidos com a indústria esportiva. Muitos dos empreendedores chegam ao mercado pensando em atingir os grandes clubes de futebol do país. No entanto existem diversas oportunidades nas demais modalidades, com clubes, federações e outras organizações buscando iniciativas de inovação e tecnologia para solucionar suas dores.